"Quem és tu que me lês? És o meu segredo ou serei o teu?"
Clarice Lispector



domingo, 21 de outubro de 2012

ASSIM, SINTO

Assim, sinto

O poeta quando escreve
Nem sempre é livremente.
Se expõe a sua dor,
Muitas vezes é lentamente.
O poeta, às vezes, sai
A voar e então cai
A chorar e então, mente...

E negando a sua dor,
O poeta, então inventa
Caminhos para emoção
Ser certeira e, argumenta:
“Minha dor é quase nada
Se ela for comparada,
Muito pouco representa.”

Daí passa a descrever
Uma dor universal,
Escondendo o que era seu
De maneira natural
E com mundo e dividida,
Por muitos e entendida,
De maneira natural.

Por isso eu sou feliz
Independente de tudo.
Minha dor é quase nada,
Eis porque me calo e mundo
O sentindo de um poema,
Não me importa qual o tema,
Não me importa o absurdo!

Oliveira do Cordel
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