Já meia-noite chegou sem prece, toque de sino, sem hino ou canto de galo... Parece, ninguém lembrou que Jesus hoje é menino. Sem tempo para adorá-lo, esqueceram do Presépio?
Se a trompa não alertou, onde andarão os pastores? Fingindo tranquilo sonho sobre as peles do rebanho, alheios para os horrores que estranho lobo espalhou? Quem rezará no Presépio?
E se ninguém mais honrou presença ao culto passado, magas promessas falharam, os reis também não chegaram. Que outro brilho, assim dourado, tanto os desencaminhou? Quem voltará ao Presépio?
Se a esperança murchou e toda crença está fria nas almas e olhos sem luz; sem josés e sem marias, o que será de Jesus? Quem velou, quem aleitou o enjeitado do Presépio?
Se este mundo desvairou, imundas eras chegaram; falsos milagres surgiram, do amor, os homens fugiram, de dor, os anjos calaram, sem paz, a estrela apagou... Que resta, então, do Presépio?
Nesse lugar, só ficou frio, treva, desabrigo... Num cocho, palha de trigo, burro humilde, vaca mansa e alguma fé que teimou boa vontade e bonança: a verdade do Presépio.
Se consumismo o abortou, a crença o imola e refaz, pra ser pão e vinho tinto. Sozinho, nu e faminto de justiça, amor e paz, o menino já voltou a esperar no Presépio...
ONDE O PRESÉPIO?
ResponderExcluirBartolomeu Correia de Melo
Já meia-noite chegou
sem prece, toque de sino,
sem hino ou canto de galo...
Parece, ninguém lembrou
que Jesus hoje é menino.
Sem tempo para adorá-lo,
esqueceram do Presépio?
Se a trompa não alertou,
onde andarão os pastores?
Fingindo tranquilo sonho
sobre as peles do rebanho,
alheios para os horrores
que estranho lobo espalhou?
Quem rezará no Presépio?
E se ninguém mais honrou
presença ao culto passado,
magas promessas falharam,
os reis também não chegaram.
Que outro brilho, assim dourado,
tanto os desencaminhou?
Quem voltará ao Presépio?
Se a esperança murchou
e toda crença está fria
nas almas e olhos sem luz;
sem josés e sem marias,
o que será de Jesus?
Quem velou, quem aleitou
o enjeitado do Presépio?
Se este mundo desvairou,
imundas eras chegaram;
falsos milagres surgiram,
do amor, os homens fugiram,
de dor, os anjos calaram,
sem paz, a estrela apagou...
Que resta, então, do Presépio?
Nesse lugar, só ficou
frio, treva, desabrigo...
Num cocho, palha de trigo,
burro humilde, vaca mansa
e alguma fé que teimou
boa vontade e bonança:
a verdade do Presépio.
Se consumismo o abortou,
a crença o imola e refaz,
pra ser pão e vinho tinto.
Sozinho, nu e faminto
de justiça, amor e paz,
o menino já voltou
a esperar no Presépio...
Bartolomeu Correia de Melo
Natal 1979