"Quem és tu que me lês? És o meu segredo ou serei o teu?"
Clarice Lispector



sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O MITO DE DRÍOPE



Dríope e Andraemon era um casal que estava feliz com o nascimento de seu primeiro filho. Certo dia Dríope saiu com seu filho pelo bosque junto com sua irmã Iole e enquanto caminhavam pela margem de um rio avistaram muitas flores. Apesar de saberem que os bosques pertenciam às ninfas, elas tiveram a ideia de colher flores.

Carregando o filho no colo, Dríope viu perto da margem do rio um lótus que crescia, repleto de flores cor de púrpura. Dríope colheu algumas flores quando percebeu que o sangue escorria da haste de uma flor. Horrorizada Dríope quis fugir mas imediatamente sentiu que não podia mover seus pés que começaram a enraizar-se no solo. Aos poucos foi sentindo que seu corpo se tornava endurecido como madeira.

Iole contemplava o triste destino de sua irmã que aos poucos se metamorfoseava numa árvore. Gritando por ajuda veio Andremon em seu socorro, mas nada mais podia fazer. A flor que Dríope havia ceifado do jardim era a ninfa Lótis que fora metamorfoseada quando fugia de um perseguidor. 

As últimas palavras de Dríope foram direcionadas à irmã para que tomasse conta de seu filho recomendando que ele fosse cauteloso ao andar pelas margens do rio ao colher flores, pois em cada moita de arbustos poderia haver uma ninfa enfeitiçada...




O mito de Dríope simboliza o autoengano, a pior mentira que contamos para nós mesmos. A todo momento estamos lidando com a realidade, mas por ingenuidade ou conveniência vemos apenas o que queremos ver, embora o que parece de fato pode não ser o que aparenta.